Critica: The Ridiculous 6

Netflix para todos os gostos

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Todos concordamos que os filmes de Adam Sandler não possuem mais o mesmo apelo e a mesma graça que tinham na época de O Paizão e Golpe Baixo, mas algumas pessoas ainda gostam desse tipo de humor. É pensando justamente em atingir todos os públicos que o segundo filme original da Netflix é The Ridiculous 6.

O filme segue Tommy Faca Branca, um homem que foi criado por índios após sua mãe ser assassinada. Quando ele está prestes a se casar, seu pai aparece na aldeia pedindo ajuda, é sequestrado por seu antigo bando e Tommy decide reunir o dinheiro necessário para resgatá-lo, contando com a ajuda de alguns meio-irmãos encontrados no meio da jornada.

A história é clichê e o roteiro, escrito pelo protagonista e seu antigo colaborador Tim Herlihy, é típico de um filme da Adam Sandler, apelando para saídas fáceis, resoluções óbvias, histórias paralelas desnecessárias, piadas que perdem a graça depois da terceira repetição e, principalmente, as temidas piadas escatológicas. Entretanto é importante ressaltar que muitos desses erros acabam sendo perdoados quando o longa se assume como uma paródia aos filmes de faroeste e abraça o seu lado caricato.

É verdade que muitos desses momentos beiram o ridículo, mas eles também dividem o espaço com personagens inesperadamente divertidos e momentos inspirados que brincam com referências aos filmes de gênero e à época em si, incluindo as ótimas cenas do beisebol e do pôquer. E o mais interessante é que muitas dessas situações funcionam quase como esquetes, lembrando inclusive o que o Monty Python fez em A Vida de Brian e Em Busca do Cálice Sagrado.

A direção de Frank Coraci (diretor de Click, que é o meu filme favorito de Adam Sandler) erra quando decide repetir o jeito de filmar algumas cenas, mas também consegue trabalhar bem o cenário e resolver os momentos ação com alguma dignidade. No final, a impressão que fica é que ele não interferiu tanto no filme quanto deveria e deixou, principalmente o trabalho de guiar os atores, com o roteiro e isso acaba sendo um erro, visto que o roteiro não colabora com o desenvolvimento de quase nenhum dos seis protagonistas.

A sorte do filme é que eles tem carisma suficiente para segurar seus momentos individuais e tem muita química para criar cenas hilárias em grupo, como o momento em que eles cantam uma música para o pai. E para melhorar, enquanto Adam Sandler e Rob Schneider fazem o mesmo papel de sempre, os outros quatro abrem mão de boa parte das suas vaidades em nome da comédia e se destacam muito mais.

Esse é exatamente o caso de Taylor Lautner e Jorge Garcia, dois atores que nunca fizeram comédia desse tipo e conseguem fazer o espectador rir com dois estilos completamente diferentes, seja através de atitudes totalmente bobas (que passam do limite em alguns poucos momentos) ou de grunhidos inexplicáveis, mimícas e imitações de homens sem cabeça.

E tudo isso sem contar que o filme tem participações especiais hilárias de Nick Nolte, Harvey Keitel, Steve Buscemi, Will Forte, Steve Zahn, Jon Lovitz, David Spade, Danny Trejo, John Turturro e os músicos Blake Shelton e Vanilla Ice. Inclusive, esses dois últimos apresentam duas figuras históricas que tem potencial para serem as melhores coisas do filme inteiro.

No fim das contas, o filme ainda tem aquele estilo do Adam Sandler que nem sempre faz rir e poderia melhorar muita coisa no desenrolar do seu roteiro, mas também tem alguns pontos positivos e, pelo menos, umas três cenas que me fizeram gargalhar. Não pode ser considerado um filmaço nem uma espécie de redenção para o protagonista, mas pode ser facilmente visto como mais um acerto da Netflix para alegrar quem curte esse tipo de filme.

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